Temos na obra “A Gênese”, em seu capítulo 16, intitulado “A Teoria da Presciência”, mas antes, para que possamos explicar essa teoria, que na verdade deveria ser chamada de “Realidade ou Verdade da Presciência” preciso utilizar um exemplo fácil para poder explicar o funcionamento da presciência.

Imaginemos que haja uma estrada e você esteja dirigindo e você só consegue visualizar apenas o que seus olhos conseguem captar, essa é sua perspectiva em primeira pessoa, mas se você pudesse sair do corpo nesse instante de forma lúcida e o seu perispírito fosse levado até o topo de uma montanha no qual você consegue enxergar todo vale e a estrada no qual o seu carro está indo, visualizando quilômetros de distância a sua frente, dessa maneira, poderia visualizar como estaria a estrada a sua frente, se tem ou não algum congestionamento ou perigo, enfim, são ‘n’ possibilidades.

Vamos supor que você veja que lá na frente uma ponte caiu, porém pela visão do parabrisa do seu carro, você não consegui enxergar a ponte ainda, portanto, a depender da velocidade de deslocamento em seu veículo não haja tempo suficiente para cessar o movimento do carro, assim, causando a queda no precipício. 

Então, a presciência é esse fenômeno de você conseguir enxergar o que está lá na frente, aquilo que você ainda não está vivenciando no presente, pois, no exemplo dessa estrada, você visualiza toda a estrada, mas mesmo assim, o seu carro não chegou ainda na ponte que foi derrubada.

Assim como, podendo prever quaisquer obstáculos, dificuldades ou qualquer problema que pudesse visualizar com antecedência e se precaver ou evitar tal problema.

Agora que já conhecemos o que é o fenômeno da presciência, a pergunta que fica é: será que todos nós temos essa faculdade mediúnica?

A resposta é não, nem todos nós temos essa faculdade, porém, há aqueles que o possuem, sendo que para uns o tem com maior clareza e abrangência, outros menos ostensivas.

Sabe aquele sentimento ou sensação, de que você está incomodado com algo, e por exemplo, você sente a necessidade de mudar o trajeto que é rotineiro, evitando assim enfrentar um acidente ou algum percalço no caminho, embora, os amigos espirituais possam nos inspirar para que tomemos tal decisão.

Muitos de nós, podemos carregar uma lembrança do futuro, seja decorrente de um sonho ou de uma lembrança mesmo que foi combinada lá no plano espiritual, assim como, embora isso seja mais difícil e raro, podemos descortinar o nosso futuro ou acontecimentos de séculos ou milênios no futuro.

“...de conformidade com o grau de sua perfeição, possa um Espírito abarcar um período de alguns anos, de alguns séculos, mesmo de muitos milhares de anos…” - A Gênese - Allan Kardec

“como o homem tem de concorrer para o progresso geral, como certos acontecimentos devem resultar da sua cooperação, pode convir que, em casos especiais, ele pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o encaminhamento e de estar pronto a agir, em chegando a ocasião. Por isso é que Deus, às vezes, permite que se levante uma ponta do véu; mas, sempre com fim útil, nunca para satisfação de vã curiosidade, porquanto muitos há que do futuro não conhecem mais do que os homens, porém a alguns Espíritos bastante adiantados para desempenhá-la. Ora, é de notar-se que as revelações dessa espécie são sempre feitas espontaneamente e jamais, ou, pelo menos, muito raramente, em resposta a uma pergunta direta.” A Gênese - Allan Kardec

Essa explicação de Allan Kardec sobre a questão da presciência demonstra que nada na natureza é vã ou herdada para fins inúteis, tudo no Universo tem uma utilidade, mesmo que nós desconheçamos tal finalidade.

A mediunidade de presciência ocorre, na maioria das vezes, de forma espontânea, inesperada, sem forçação de barra, ou seja, não vem na hora em que queremos ou desejamos.

“Aquele a quem seja confiado o cuidado de revelar uma coisa oculta pode recebê-la, sem o seu conhecimento, por inspiração dos Espíritos que a conhecem, e então a transmite maquinalmente, sem se dar conta disso. Além do mais, sabemos que, assim como durante o sono, como no estado desperto, nos êxtases da dupla vista, a alma se desprende e adquire as faculdades do Espírito livre em grau mais ou menos alto. Se for um Espírito adiantado e se sobretudo tiver recebido uma missão especial para esse efeito — como os profetas receberam —, ele obterá, nos momentos de emancipação da alma, a capacidade de abarcar por si mesmo um período mais ou menos extenso, e verá, como presente, os eventos desse período. Pode então revelá-los no mesmo instante ou conservar a lembrança deles ao despertar.” A Gênese - Allan Kardec

“O resultado final de um evento pode então ser certo, por ele este estar nos desígnios de Deus; porém, quase sempre, como os detalhes e o modo de execução estão subordinados às circunstâncias e ao livre-arbítrio dos homens, as maneiras e os meios podem ser eventuais. Os Espíritos podem nos dá um pressentimento sobre o conjunto, se for útil que sejamos prevenidos disso.” A Gênese - Allan Kardec

Não devemos nos esquecer que nós possuímos o livre-arbítrio e que podemos alterar o curso das coisas, portanto, pode ser que algumas coisas que prevemos não aconteça, isso porque tomamos atitudes e ações para evitar que o que estava previsto não acontecesse.

“Eis aí por que as predições circunstanciadas não podem oferecer certeza e nem devem ser aceitas a não ser como probabilidades, mesmo que não tragam consigo um selo de legítima suspeita.” A Gênese - Allan Kardec

Aceitemos tais predições como probabilidades, pois, como Chico Xavier nos ensina que as predições do futuro são avisos, alertas para que evitar passar por aquilo, por isso temos o livre arbítrio que nos concede alterar o nosso futuro e interferir no futuro do outro.