Animismo Segundo o Espiritismo


O animismo pode ser útil ou pode prejudicar o seu desenvolvimento mediúnico? Como trabalhar com essa ideia e como tomar cuidados para que o animismo não se torne mistificação?
O que podemos entender por animismo, afinal de contas, o que é animismo na visão espírita?
Podemos compreender que o animismo é a manifestação de ideias própria do Médium, muitas vezes, manifestadas de forma inconsciente, por intermédio do psiquismo do Médium.
Isso é ruim ou é bom?
Depende, muito da forma como é dada a comunicação e para qual finalidade aquela comunicação anímica foi dada?
É muito comum, em uma prática mediúnica, o Médium iniciante no exercício do fenômeno mediúnico colocar em prática mensagens que advém mais de si mesmo do que dos Espíritos, mas isso não anula o fato de haver um Espírito inspirando-o ou agindo nele, mesmo que ele não tenha conseguido ligar-se corretamente ao Espírito.
Há muitos Médiuns que utilizam-se do animismo de forma consciente e totalmente com a finalidade de mistificar, por exemplo, se um Médium irá se apresentar em um programa televisivo e não consegue a conexão com o seu Mentor ou com um Espírito amigo ali presente, e o Médium não quer passar vergonha e não querendo admitir que não está em condições, utiliza-se do seu próprio psiquismo para dar uma "comunicação".
Esse é um ponto, que o Médium sério não deve adentrar, devemos a qualquer custo evitar enganar, fingir ou mistificar, pois, se não houve o contato naquele momento com o plano espiritual das duas uma: ou o Médium está com algum problema que não consegue conectar-se com o Espírito comunicante, ou o próprio Espírito comunicante não deseja manifestar-se naquele momento ou para aquela finalidade.
Outro ponto: é quando utilizamos do fenômeno anímico para ganhar vantagens, ou quando possui um propósito nocivo e nada ético, aplicando técnicas de enganação e mentirosas com a finalidades escusas, por exemplo, sabe que não existe nenhum Espírito ligado a ele, e inventa mensagens, rituais, etc...
Normalmente, todo o Médium sério, durante uma comunicação irá captar a mensagem dos Espíritos amigos, mas alguma porcentagem dessa comunicação virá do próprio Médium, esse é um processo medianímico ou podemos chamar também de animismo mediúnico e isso acontece com todos, é natural.
Há alguns casos, em que Médiuns não conseguem distinguir se realmente aquela mensagem apresentada por seu intermédio é realmente do Espírito ou sua, pois, naquele momento pode aflorar uma entidade própria, como se fosse a de um Espírito, mas quem está falando o seu próprio psiquismo.
Mas como identificar quando uma comunicação mediúnica é nossa ou de um Espírito?
Simplesmente, analisando a mensagem, questionando-a e observando na mensagem características que podem pôr em dúvida este ou aquele ponto.
E se perguntar esse conhecimento é meu? Possuo esse nível de escrita, oratória ou prática?
Se, por exemplo, a mensagem é escrita ou falada de forma erudita e nós nem sequer somos capazes de escrever dessa forma, logo, há possibilidades de ter sido um Espírito que se comunicou, mas isso não quer dizer que seja um Bom Espírito, tem que estudar a mensagem e verificar as características para saber o grau evolutivo do Espírito comunicante.
Quando se trata de Mediunidade devemos ter responsabilidade e ética, quando suspeitamos de alguma mensagem, logo não devemos publicar, aguardemos com paciência e analisemos comparando a mensagem com os Ensinamentos de Jesus, da Ciência e da Filosofia Espírita, pois tudo que fuja da Lógica e da Razão, que não seja baseada nos fundamentos Espíritas, não devemos considerar a mensagem, mas sim excluir, pois assim, evitamos o equívoco e o erro.
Todo o Médium tem que estar em constante estudo, pois só o conhecimento é capaz de nos preparar e nos ensinar a como identificar se aquela mensagem é boa ou ruim, se foi dada ou não pelo Espírito.
Assim, estaremos em condições de evitar qualquer tipo equívoco e espalhando mensagens que causem o engano na vida das pessoas, pois tudo que fazemos ou falamos, sendo ou não Médiuns ostensivos, somos responsáveis, e, duplamente responsáveis se a nossa ação ou mensagem causar algum dano as pessoas.
Então, se aquela mensagem foge do crivo da Razão e da Lógica, rejeite-a, pois é melhor do que cair no engano.
Estudemos uma passagem da segunda obra espírita (O Livro dos Médiuns) de autoria dos Espíritos Erasto e Timóteo, no capítulo - Dissertação de um Espírito sobre o papel dos médiuns, Item 225:
“...Assim, quando encontramos em um médium o cérebro povoado de conhecimentos adquiridos na sua vida atual e o seu Espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos em vidas anteriores, de natureza a nos facilitarem as comunicações, dele de preferência nos servimos, porque com ele o fenômeno da comunicação se nos torna muito mais fácil do que com um médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos anteriormente adquiridos. Vamos fazer-nos compreensíveis por meio de algumas explicações claras e precisas.
“Com um médium, cuja inteligência atual, ou anterior, se ache desenvolvida, o nosso pensamento se comunica instantaneamente de Espírito a Espírito, por uma faculdade peculiar à essência mesma do Espírito. Nesse caso, encontramos no cérebro do médium os elementos próprios a dar ao nosso pensamento a vestidura da palavra que lhe corresponda e isto quer o médium seja intuitivo, quer semimecânico, ou inteiramente mecânico. Essa a razão por que, seja qual for a diversidade dos Espíritos que se comunicam com um médium, os ditados que este obtém, embora procedendo de Espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunho que lhe é pessoal. Com efeito, se bem o pensamento lhe seja de todo estranho, se bem o assunto esteja fora do âmbito em que ele habitualmente se move, se bem o que nós queremos dizer não provenha dele, nem por isso deixa o médium de exercer influência, no tocante à forma, pelas qualidades e propriedades inerentes à sua individualidade...
...Quando queremos transmitir ditados espontâneos, atuamos sobre o cérebro, sobre os arquivos do médium e preparamos os nossos materiais com os elementos que ele nos fornece e isto à sua revelia. É como se lhe tomássemos à bolsa as somas que ele aí possa ter e puséssemos as moedas que as formam na ordem que mais conveniente nos parecesse...”
Toda mensagem terá uma parcela nossa introduzida na mensagem, mas o quanto de nós está na mensagem? Isso é que nós devemos estar atentos.
Vamos evitar mistificações em mensagens afirmando que são de Espíritos, mas que na verdade, nós sabemos que tudo ou parte da mensagem advém de nós mesmos. Pode-se enganar pessoas, mas não a Justiça Divina e a própria Consciência.
Muita paz!
Obs.: Recomendo a todos que querem estudar Mediunidade e se tornarem Médiuns que façam a leitura da segunda obra de Allan Kardec.